Robert Redford: vida, legado e a faceta humanista de um mito do cinema americano
Robert Redford, nascido Charles Robert Redford Jr., morreu no dia 16 de setembro de 2025, aos 89 anos, em sua casa em Sundance, no estado de Utah, EUA. (Wikipedia) O anúncio oficial foi feito por sua assessoria, que disse que ele faleceu dormindo, rodeado por pessoas que amava. (AP News)
Redford deixa um legado amplo: não apenas como ator de talento, com uma filmografia que atravessou gerações, mas também como diretor, produtor, ativista ambiental e fomentador do cinema independente. Ele foi um dos nomes que melhor representou uma faceta humanista no cinema americano — aquele cinema que se preocupa tanto com a arte quanto com o impacto social.
Primeiros passos e ascensão
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Nascimento e formação: nascido em Santa Mônica, Califórnia, em 18 de agosto de 1936. Estudou atuação na American Academy of Dramatic Arts, além de ter passado pela Universidade do Colorado e pelo Pratt Institute.
Início da carreira: começou a atuar ainda nos anos 1950/60, em televisão, teatro e pequenos papéis. Aos poucos foi ganhando destaque.
Filmes marcantes e atuação
Alguns dos filmes mais conhecidos dele, que ajudaram a definir sua imagem de protagonista e sua versatilidade:
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Butch Cassidy and the Sundance Kid (1969) — parceria com Paul Newman; um filme icônico de faroeste. (Wikipédia)
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The Sting (A Golpada) (1973) — outro sucesso, que misturou crime, humor e tensão, rendendo bom reconhecimento de público e crítica. (Wikipédia)
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All the President’s Men (Os Homens do Presidente) (1976) — drama político que ficou marcado. (Wikipédia)
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Out of Africa (1985) — romance épico em que atuou ao lado de Meryl Streep, demonstrando que podia transitar entre papéis dramáticos profundos. (NiT)
Além disso, como diretor ele se destacou com Ordinary People (1980), que venceu o Oscar de Melhor Diretor e levou também a estatueta de Melhor Filme. (AP News)
Sundance e o cinema independente
Uma das contribuições mais duradouras de Redford foi sua atuação fora das câmeras:
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Ele fundou o Sundance Institute e idealizou o Festival de Sundance, que se tornou uma plataforma decisiva para o cinema independente nos Estados Unidos e no mundo. Filmes de baixo orçamento, novas vozes e visões menos convencionais ganharam espaço ali.
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Ele também sempre manifestou uma postura ativa política e ambiental, usando sua visibilidade para causas como preservação da natureza, meio ambiente e justiça social.
Essa combinação de arte, ética e engajamento social é parte do que muitos destacam quando falam da “faceta humanista” de Robert Redford. Ele não fazia cinema só para entreter: procurava tocar no humano, no coletivo, no impacto.
Reconhecimento, prêmios e personalidade
Redford acumulou muitos prêmios e honrarias ao longo da vida:
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Oscar de Melhor Diretor por Ordinary People
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Oscar honorário em 2002, reconhecendo sua importância para o cinema.
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Golden Globes, BAFTA, prêmios de crítica, entre muitos outros.
Ele era reconhecido não só pela beleza de protagonista ou pelo charme de estrela de Hollywood, mas por sua seriedade artística, a qualidade de escolha de papéis, e por sua habilidade de equilibrar fama cinematográfica com integridade pessoal — inclusive buscando papéis que desafiassem expectativas.
Morte, repercussão e legado
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Como já mencionado, Redford morreu dormindo em sua casa em Sundance, Utah, aos 89 anos.
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A notícia gerou comoção em Hollywood e no mundo inteiro: colegas de cena como Meryl Streep e Barbra Streisand, entre outros, manifestaram homenagens.
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Seu legado será lembrado por muitos aspectos: os filmes indeléveis que fez, os diretores e roteiristas que ele ajudou a promover via Sundance, sua postura ética, e a influência que teve em como o cinema americano consegue dialogar com o público sem abrir mão de sensibilidade.
Por que ele representa o “cinema humanista americano”
Quando se fala da faceta humanista de Redford, há alguns traços que aparecem com clareza:
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Escolha de papéis que exploravam dilemas morais — em muitos filmes dele, há conflito entre poder e ética, política, natureza vs. progresso, identidade pessoal. Ele não se limitou a interpretações superficiais, mas quis tocar o humano.
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Valorização do cinema que conta histórias menos comerciais — o impulso que deu ao cinema independente, com Sundance, mostra que acreditava que cultura e arte podem florescer também fora do circuito blockbuster.
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Compromisso socioambiental — fora das telas, Redford se envolveu com ativismo ambiental, proteção de terras, ecologia, preservação de paisagens naturais. Isso mostra alguém que não via só o entretenimento, mas responsabilidade.
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Humildade e profissionalismo — apesar de todo o sucesso, há relatos de que ele cuidava de seus colegas, que tinha integridade nos bastidores, que respeitava seu ofício, que levava em conta o impacto de suas escolhas artísticas. Esses elementos somam ao que se chama de humanismo: ver o outro, pensar no coletivo, demonstrar empatia (mesmo que silenciosa).
Robert Redford vai ser lembrado como alguém que ajudou a moldar tanto o que Hollywood é, quanto o que ele poderia (ou deveria) ser — mais do que entretenimento: um espaço de reflexão, beleza, compromisso. Ele deixa um vazio, claro, mas também um caminho traçado para quem ama cinema de alma, que quer mais do que apenas espetáculo.